domingo, 3 de junho de 2012

DADOS E FATOS SOBRE AFRICANOS E SEUS DESCENDENTES EM SANTANA DO ACARAÚ – CE






INTRODUÇÃO

A historiografia brasileira é, ainda, apesar dos diversos estudos e trabalhos de pesquisa, muito silente no que diz respeito à história dos povos africanos e seus descendentes.

No Brasil, a escravidão africana, em diferentes momentos e nas diferentes regiões, assumirá caracteres diferenciados.
Conforme Farias (2007) o Ceará, que teve seu período de maior povoamento marcado pelas entradas, terá a história de sua escravidão africana marcada pelos usos destes em afazeres com a lida pastoril e, sobretudo, nas tarefas domésticas.

A ocupação do território que hoje corresponde á cidade de Santana do Acaraú não foge a regra do restante do estado. Foram as entradas, sobretudo no século XVIII, que fixaram muitos de seus colonizadores no referido território.

A história particular dos africanos e afro – descendentes na ocupação deste território ainda é desconhecida.
Neste artigo reunimos alguns relatos bibliográficos e documentais pontuais interessantes à história do município de Santana do Acaraú.


ALGUNS RELATOS INTERESSANTES À HISTÓRIA DE SANTANA DO ACARAÚ


O primeiro e mais antigo relato sobre escravos em Santana do Acaraú que conhecemos, nos vem de um antigo assento de Casamento:

Aos vinte e hum de Mayo de mil setecentos e quarenta e oito em a capella de S.Anna corridoz os banhos nesta freguesia sem impedimento em presenza do padre Antonio dos santos de minha licenza se receberão por palavras de presente Antonio do gentio de guinê e Cathirina Tapuya escravos de Antonio Coelho... (Livro um da Diocese de Sobral, casamentos, 1741 - 1769 fls 111vs)

Tal assento de Casamento relata a união entre um Africano e uma indígena, oficiada pelo fundador da Capela Padre Antônio dos Santos da Silveira.

Sobre a população escrava, utilizando-se de dados de um relatório apresentado à Assembleia Provincial pelo Dr. Esmerino Gomes Parente em 2 de Julho de 1875, o Folhetinista de O Município de Santana nos fornece um primeiro número de 1028 escravos, num universo de 13.374 habitantes, em um território que, na época, continha seis povoados: Marco (atual município de Marco), Morrinho (atualmente o município de Morrinhos), Massapê (hoje a cidade de Massapê), Pitombeiras, Tucunduba e Mutambeiras.
Para atestar a veracidade destes dados o autor supracitado os compara com os dados eleitorais do ano de 1873 que registravam o número daqueles impedidos de votar como os escravos. Segundo estes dados, até 30 de Setembro do citado ano, o número destes era 1.113, sendo 515 mulheres e 598 homens.

Tendo o Capelão da Capela de Santana do Olho D’água e Almas (que mais tarde se tornaria a Igreja Matriz de Santana do Acaraú): Padre José Gomes Freire, deixado a direção da mesma, em seu lugar ficou um homem negro, escravo de um falecido padre baiano chamado José Rodrigues Lyra que, apropriando-se das vestes e do nome do Senhor, dirigiu a Capela até o ano de 1835, quando dela fugiu perseguido pela polícia. (O Município de Santana, 1926, página 103).

Durante a Campanha Abolicionista do Ceará, nas cidades interioranas, organizaram-se comissões que administravam os recursos para as compras de cartas de alforria. A de Santana do Acaraú, conforme Girão (1988), era composta pelo vigário da época padre Francisco Xavier Nogueira, Pelo Juiz Municipal Antônio Borges da Fonseca Júnior e pelo presidente da Câmara de Vereadores José Bernardino Ferreira Gomes de Maria.

A comissão de Santana encerrou seus trabalhos no dia 1º de fevereiro de 1876 com a aquisição de sete cartas de liberdade.
Em Santana, era costume, por ocasião do aniversário da fundação da Casa de Caridade fundada pelo padre Ibiapina (ocorrida no dia 3 de Fevereiro de 1863), após o leilão de objetos valiosos, comprar, com o valor do mesmo, uma carta de alforria com a qual se libertava uma menina negra que ficava aos cuidados das irmãs da Casa de Caridade. (O Município de Santana, 1926, pág. 199).

O Barão de Studart em seu Dicionário Bio – bibliográfico cearense afirma que foi através do Jornal O Município de Sant’Anna, semanário noticioso que circulou na cidade de 1882 a 1889, que o Dr. José Mendes Pereira de Vasconcelos lutou contra a escravidão em Santana do Acaraú, a qual teve seu fim em 26 de Janeiro de 1884.

A tradição oral da cidade afirma que um de seus bairros: O Alto da liberdade é assim denominado porque ali se estabeleceram os negros após a Abolição. Era neste bairro que muitos Terreiros de Umbanda se concentravam.

Nas décadas de 60 e 70 do Século XX, fortemente marcadas pelo preconceito, os afro – descendentes, os agricultores, os operários e, enfim, as pessoas sem sobrenomes importantes, participavam de festas dançantes no Clube dos Operários, também chamado de Clube dos Caboclos ou Clube dos Negros, sumariamente proibido ás moças e rapazes da elite Santanense.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

NOSSA HOMENAGEM AOS TRILHEIROS DO SERROTE DA ROLA - SANTANA DO ACARAÚ - CEARÁ

Vamos fazer um bom exercício de atualizar a memória.
Quem disse que Santana não tem nada e que seu povo não é um povo que empreede engana-se muito.
Enquanto uma certa parcela de pessimistas lamenta-se de que Santana do Acaraú não tem nada e não é nada, outros, conhecedores de seu potencial, vivem o que sua terra tem de peculiar.
O exemplo que vou citar hoje é o dos jovens trilheiros do Serrote da Rola.
Apaixonados pelos caminhos do Serrote, muitos destes meninos, desde muito pequenos, conhecem e levam outros a conhecer as belezas daquele lugar: os olhos d'água, os abrigos (chamados por eles de cavernas) e as vistas de uma parte do Vale do rio Acaraú que dali se pode ter.
Enquanto acampam , caminham,tomam banho, estes jovens sempre descem com sacolas nas quais coletam o lixo dos caminhos, desarmam armadilhas feitas para pegar animais do Serrote (Preás, rabudos, mocós, mambiras, dentre outros), fotografam e observam o estado de conservação da pinturas rupestres.
Queremos deixar aqui nossa homenagem a Irineu Braga (Igo Braga), Elder Frota, Davi, Antônio Fernandes, Vanderlei e outros tantos amigos e amigas que colaboram para que um dos nosso patrimônios seja conservado.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Plauto Araújo - saudades

AOS MEUS CONTERRÂNEOS E AMIGOS, EMBORA DE MANEIRA TARDIA E, INFELIZMENTE, APÓS SUA MORTE, QUERO APRESENTAR, ATRAVÉS DESTE ARTIGO DE TOTÓ RIOS, O POETA E MEMORIALISTA BELACRUZENSE JOSÉ PLAUTO ARAÚJO.
PLAUTO, JUNTAMENTE COM VICENTE FREITAS, TOTÓ RIOS, COM O SENHOR JOSÉ DE FÁTIMA, E OUTROS TANTOS MAIS, FAZ PARTE DAQUELE CONJUNTO DE HOMENS E MULHERES MILITANTES NA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DOS PATRIMÔNIOS CULTURAIS DE NOSSAS CIDADES DE MÉDIO E BAIXO VALE DO ACARAÚ.

AOS FAMILIARES DE PLAUTO ARAÚJO E AOS BELACRUZENSES NOSSOS SINCEROS PÊSAMES!

Hoje 07 de fevereiro de 2012 deparo-me com uma noticia que me causou surpresa: o falecimento do professor e escritor José Plauto Araújo de Bela Cruz comunicado pelo Vicente Freitas.

Há alguns meses estive em Bela Cruz a fim de visitá-lo para que pudéssemos visitar o Museu da cidade, pois gostaria de conhecer o que ainda não foi possível.

Mas sua filha comunicou-me que o mesmo estava em viagem a Fortaleza.

Durante este período não tive informações que o Plauto estivesse enfermo.

Conheci o Plauto Araújo quando de minhas visitas as cidades do Baixo Acaraú para realizar minha pesquisa histórico-cultural para obter informações para o Projeto Acaraú pra recordar o que ele me ajudou bastante.

Plauto Araújo homem de sabedoria e inteligência admirável, professor, escritor de vários livros.

Lamento não ter sabido de seu falecimento ontem para que pudesse prestar minha última homenagem ao amigo.

Meus sentimentos aos familiares e amigos belacruzenses.

José Plauto Araújo, nasceu em Bela Cruz-Ceará, em 1958, de um casal nobre. Viajou por vários estados brasileiros, onde fez vários cursos e exerce várias profissões: é pedagogo, coordenador de vigilância sanitária, fiscal ambiental, faz parte do CONDEMA, especialista em admirar a beleza natural feminina, poeta, escritor, professa a fé protestante, exerce o digno cargo de diácono, além de professor é um forte pregador, muito versado nos textos sagrados, amante alucinado da música psicodélica tem um respeito profundo pelas pessoas, mas gosta de apreciar o lado animal de cada um, enquanto saboreia toda beleza que lhe rodeia e isto é o que lhe faz um ente sempre alegre e satisfeito.

Começou sua vida literária ainda adolescente numa vida nômade e inconstante, partindo para o Rio de Janeiro para trabalhar em redes hoteleiras, onde conheceu muitos artistas famosos, entre eles Frank Sinatra, George Watter, etc. Mesmo que iniciara sua vida literária muito cedo, só no ano 2000 é que publicou algumas de suas obras, entre elas: Vozes Mélicas, Luta Interior e O Caminho do Peregrinar.

De sua lavra literária podemos citar 05 livros poéticos, 02 históricos, 01 romance e 03 doutrinários. Em sua trajetória literária foi obrigado por motivos de perseguições, a queimar muitas de suas poesias. O que lamenta pela irreparável perda.

A base de toda prosa e versos de Plauto Araújo apóia-se no profundo sentimento que tem pelos mistérios da vida. Cuja lógica ultrapassa a, da consciência habitual, desvendando o duplo de cada homem, na impressão do realismo dentro do irreal. Os cenários são repletos de pavor da morte. Onde mergulha no lado desconhecido das ansiedades da alma, o que faz de Plauto Araújo, um alucinado pelos mistérios da Imaginação Humana.

Totó Rios